quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pablo de Neruda


A minha casa na aldeia

Morre lentamente

Morre lentamente quem não viaja; quem não lê; quem não houve música; quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, quem não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um remoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos sem bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás dum sonho, quem não permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar

“Pablo Neruda

Um comentário:

  1. Muito bem....

    Tem futuro, continue que decerto tem futuro. Conselho dos sobrinhos, blá,blá,blá e não saíriamos daqui se tivéssemos que descrever o quanto apreciamos o seu talento.

    Jinhos....fofa

    Helder e Carina (Cumeada-Sertã)

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